FAZ O BEM E EVITA O MAL, AMA E DEIXA-TE AMAR
O povo de Israel tinha procedimentos distintos na relação com o próximo, tendo em conta se este era membro do povo de Israel ou estrangeiro. Não quer dizer que o estrangeiro fosse maltratado ou odiado, mas cuidava-se melhor dos autóctones. Na parábola do bom samaritano, Jesus elimina estas distinções. Para fazer o bem, não é importante ser judeu ou samaritano. Tantos séculos passados, ainda hoje continuamos a analisar o próximo, se é da nossa família, se simpatizamos com ele, se tem as mesmas ideias, para decidirmos como o iremos ajudar. Quem é o próximo? É aquele que precisa de mim, que precisa de ser amado. E como todos precisamos de ser amados, todos somos próximos. Jesus Cristo ensinou-nos que temos de amar mais os desprotegidos, os que mais necessitam; aqueles que a sociedade rejeita, ou os rotula de inúteis: os doentes, os idosos, os pobres, os delinquentes. Se estes são os prediletos de Deus, também terão de ser os nossos. Recordemos o que Jesus nos disse: “quando estive doente fostes visitar-me, na prisão e fostes ver-me”. Jesus identifica-se com os pobres e os mais vulneráveis. A parábola do bom samaritano coloca-nos na órbita da misericórdia de Deus, de como Ele nos encontra no caminho, nos acode, nos cura, ou seja, nos ama. Com esta parábola, Jesus revela o seu coração misericordioso e termina dizendo: “vai e faz o mesmo”. Se o Senhor nos amou assim e nos mostrou que o seu amor não faz distinções, o que devemos fazer? Amar sem distinções e, se tiver que haver alguma, que seja a favor dos mais necessitados. Mas, a exigência de fazer o bem é só para os cristãos? Claro que não! A Lei do Senhor está gravada nos nossos corações. É uma lei que não está escrita, tendo como base regulamentos, mas tem uma premissa muito simples: faz o bem e evita o mal, ama e deixa-te amar. Isto não é património exclusivo dos cristãos, mas é algo que cada pessoa tem gravado no seu coração. Depois, evidentemente, terá de concretizar, em cada momento da vida. Deus fala-nos de muitas maneiras e uma delas é a consciência, o sacrário do ser humano. No mais íntimo do coração de uma pessoa, é onde está Deus, que nos fala, e dali ressoa o apelo: faz o bem e evita o mal, ama e deixa-te amar. A consciência diz-nos onde está o bem, o amor, para os podermos praticar; mas também nos diz onde está o mal e o egoísmo, para os podermos evitar. Apesar de Deus falar no coração de cada pessoa, nós, como cristãos, temos um compromisso maior para fazer o bem e evitar o mal. Temos o tesouro da fé que recebemos, conhecemos Jesus e o seu amor pela humanidade. E isto deve-nos entusiasmar: amar mais, darmo-nos mais. “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo”. Este é o lema da vida. “Faz isso e viverás”, diz Jesus. Como uma planta murcha, se não for regada, assim o nosso coração; se não ama e não é amado, seca também. Jesus, o bom samaritano, mostra-nos qual é o caminho da vida: amar de verdade. Mas, para que seja de verdade, não é amar como o mundo. Amar sem interesses, amar os inimigos, amar dando a vida, amar como Deus. Mas, para podermos amar como Ele, temos de ser amados, em primeiro lugar, por Ele. E isto não acontecerá, se nos fecharmos ao seu amor. Como nos podemos abrir ao seu amor, se não escancaramos o coração? Ele está à porta do nosso coração, à espera para entrar e para nos amar e, amando-nos, concede-nos a vida. |