Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica de Viseu
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15º Domingo do Tempo Comum Ano C

FAZ O BEM E EVITA O MAL, AMA E DEIXA-TE AMAR 

O povo de Israel tinha procedimentos distintos na relação com o próximo, tendo em conta se este era membro do povo de Israel ou estrangeiro. Não quer dizer que o estrangeiro fosse maltratado ou odiado, mas cuidava-se melhor dos autóctones. Na parábola do bom samaritano, Jesus elimina estas distinções. Para fazer o bem, não é importante ser judeu ou samaritano. Tantos séculos passados, ainda hoje continuamos a analisar o próximo, se é da nossa família, se simpatizamos com ele, se tem as mesmas ideias, para decidirmos como o iremos ajudar. Quem é o próximo? É aquele que precisa de mim, que precisa de ser amado. E como todos precisamos de ser amados, todos somos próximos. Jesus Cristo ensinou-nos que temos de amar mais os desprotegidos, os que mais necessitam; aqueles que a sociedade rejeita, ou os rotula de inúteis: os doentes, os idosos, os pobres, os delinquentes. Se estes são os prediletos de Deus, também terão de ser os nossos. Recordemos o que Jesus nos disse: “quando estive doente fostes visitar-me, na prisão e fostes ver-me”. Jesus identifica-se com os pobres e os mais vulneráveis. A parábola do bom samaritano coloca-nos na órbita da misericórdia de Deus, de como Ele nos encontra no caminho, nos acode, nos cura, ou seja, nos ama. Com esta parábola, Jesus revela o seu coração misericordioso e termina dizendo: “vai e faz o mesmo”. Se o Senhor nos amou assim e nos mostrou que o seu amor não faz distinções, o que devemos fazer? Amar sem distinções e, se tiver que haver alguma, que seja a favor dos mais necessitados. Mas, a exigência de fazer o bem é só para os cristãos? Claro que não! A Lei do Senhor está gravada nos nossos corações. É uma lei que não está escrita, tendo como base regulamentos, mas tem uma premissa muito simples: faz o bem e evita o mal, ama e deixa-te amar. Isto não é património exclusivo dos cristãos, mas é algo que cada pessoa tem gravado no seu coração. Depois, evidentemente, terá de concretizar, em cada momento da vida. Deus fala-nos de muitas maneiras e uma delas é a consciência, o sacrário do ser humano. No mais íntimo do coração de uma pessoa, é onde está Deus, que nos fala, e dali ressoa o apelo: faz o bem e evita o mal, ama e deixa-te amar. A consciência diz-nos onde está o bem, o amor, para os podermos praticar; mas também nos diz onde está o mal e o egoísmo, para os podermos evitar. Apesar de Deus falar no coração de cada pessoa, nós, como cristãos, temos um compromisso maior para fazer o bem e evitar o mal. Temos o tesouro da fé que recebemos, conhecemos Jesus e o seu amor pela humanidade. E isto deve-nos entusiasmar: amar mais, darmo-nos mais. “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo”. Este é o lema da vida. “Faz isso e viverás”, diz Jesus. Como uma planta murcha, se não for regada, assim o nosso coração; se não ama e não é amado, seca também. Jesus, o bom samaritano, mostra-nos qual é o caminho da vida: amar de verdade. Mas, para que seja de verdade, não é amar como o mundo. Amar sem interesses, amar os inimigos, amar dando a vida, amar como Deus. Mas, para podermos amar como Ele, temos de ser amados, em primeiro lugar, por Ele. E isto não acontecerá, se nos fecharmos ao seu amor. Como nos podemos abrir ao seu amor, se não escancaramos o coração? Ele está à porta do nosso coração, à espera para entrar e para nos amar e, amando-nos, concede-nos a vida.

Sugestão de Cânticos
Entrada: Eu venho, Senhor, F. Santos, NCT 218; Eu venho, Senhor, à vossa presença (A. Cartageno) – CEC II 77; A Palavra de Deus (M. Luís) – CAC 446; Aclam. ao Ev.:As vossas palavras, M. Faria, NCT 239; Apresentação dos Dons: Se cumprirdes os meus mandamentos (C. Silva) – CEC II 37; Cristo é o Primogénito (M. Luís) – LHC 115; Comunhão: Ditosos os que te louvam, F. Santos, NCT 109; Quem come a minha carne, Carlos Silva, NCT 422; Escuta Israel (C. Silva) – CEC II 136; Vinde a Mim (C. Silva) – OC 268; Final: Dai graças ao Senhor (F. Santos) – NCT 610; Cantemos glória ao nosso Deus (J. Martins) – CT 408. .
Leitura Espiritual

«Desceu do céu» (Credo) 

«Um homem descia de Jerusalém para Jericó». Cristo não diz «alguém descia», mas «um homem descia», porque a passagem diz respeito a toda a humanidade. Esta, na sequência do pecado de Adão, abandonou o local elevado, repousante, maravilhoso e sem sofrimento que era o Paraíso, adequadamente chamado Jerusalém – nome que significa «paz de Deus» –, e desceu para Jericó, lugar plano e escavado, onde o calor é sufocante. Jericó é a vida febril deste mundo, vida que separa os homens de Deus. Tendo-se a humanidade afastado do bom caminho para esta vida, os demónios selvagens vêm atacá-la à maneira de um bando de malfeitores, despojando-a das suas vestes de perfeição e não lhe deixando qualquer vestígio de força de alma, de pureza, de justiça ou de prudência, ou de qualquer dos elementos que caracterizam a imagem divina (cf Gn 1,26); e, atingindo-a com os golpes repetidos dos diversos pecados, derrubam-na e abandonam-na meio morta. A lei dada por Moisés vigorou, mas faltava-lhe força, não podia conduzir a humanidade a uma cura completa, não elevava aquele que jazia por terra. É que a Lei oferecia sacrifícios e oferendas que não podiam tornar perfeitos, em consciência, aqueles que praticavam este culto, porque «é impossível que o sangue dos touros e dos carneiros tire os pecados» (Heb 10,4). Passou finalmente um samaritano. Cristo dá a Si próprio o nome de samaritano, porque foi Ele mesmo quem veio, realizando o desígnio da Lei e fazendo ver, pelas suas obras, quem é o próximo e o que significa amar os outros como a si mesmo. (São Severo de Antioquia (c. 465-538), bispo, Homilia 89)

Padre Jorge Seixas, autor dos textos www.carloscunha.net
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