Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica de Viseu
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28º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B

A SALVAÇÃO ACOLHE-SE 

Na viagem para Jerusalém, o evangelho de Marcos narra-nos o encontro de Jesus com um jovem inquieto. A questão sobre o que é mais importante na vida não é nova. Para o rei Salomão, a sabedoria tem o lugar de primazia acima de todos os bens (1ª leitura). Esta sabedoria encontra-se escondida na Palavra de Deus (2ª leitura) e nas palavras de Jesus que indicam o exigente caminho que conduz à vida eterna (evangelho). Somente Ele pode saciar-nos com a sua bondade e tornar prósperas as obras das nossas mãos (salmo). Falar de riqueza, de pobreza, de dinheiro, é sempre muito delicado. Tendo em conta a Palavra de Deus deste domingo, podemos afirmar que a proposta de Deus de participar do seu Reino supõe exigências radicais, mas a fé assegura-nos que Jesus, Sabedoria de Deus, deve ter a primazia, acima de tudo e de todos. A primeira leitura diz o seguinte: “Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria”. A sabedoria é melhor que a riqueza, a saúde e a beleza. Com a sabedoria, é-nos dado todos os bens. O salmo reforça esta ideia, afirmando: “Saciai-nos, desde a manhã, com a vossa bondade, para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias”. E a segunda leitura diz-nos que “a palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes”. É ela que julgará as nossas vidas. O texto evangélico apresenta-nos um jovem inquieto que vai ao encontro de Jesus. É de louvar a sua fidelidade aos mandamentos de Deus. Mas a sua riqueza é um obstáculo quando chega o momento de escolher o melhor para si. Com as palavras finais de Jesus a Pedro, conclui-se que a pobreza não é um fim em si mesma; mas é uma forma de nos libertarmos para seguirmos Jesus. O homem rico, que pede conselhos a Jesus sobre como alcançar a vida eterna, não dá conta de que tem diante dele alguém que é mais do que um rabino, do que um sábio conhecedor da Lei. Está a conversar com aquele que o pode conduzir à vida eterna. Recordemos que Jesus está a caminhar para Jerusalém, para a missão confiada pelo Pai, a de salvar a humanidade com a sua morte e ressurreição. Perante este mistério, as riquezas deste mundo não têm qualquer valor, não são de grande utilidade. Jesus conhece a sinceridade deste homem que, verdadeiramente, procura a Deus e que aspira às grandes coisas. É um homem reto e religioso; “Jesus olhou para ele com simpatia”. E atreve-se a fazer-lhe a mesma proposta que fez aos seus discípulos: abandonar tudo. Era o que faltava para ser feliz. Mas, “ouvindo estas palavras, retirou-se pesaroso, porque era muito rico”. Senhor, “ensinai-nos a contar os nossos dias, para chegarmos à sabedoria do coração”. É Deus que nos ensina a viver, a não perder tempo. Pensemos no tempo que já vivemos. Tantas boas recordações, de pessoas e de momentos, tantas canseiras e sofrimentos! Mas apesar de tudo, estamos aqui; com esses momentos, ganhámos sabedoria e maturidade. Não tenhamos medo de incluir, também, os nosso pecados e erros, pois com eles também aprendemos. Pensemos em toda a nossa vida e digamos com o salmo: “compensai em alegria os dias de aflição, os anos em que sentimos a desgraça”. Esta é a alegria de saber que, apesar de tudo, Deus nunca nos abandonou. Apesar dos tempos difíceis e dolorosos que atravessamos, mesmo dentro da Igreja, a nossa missão é dizer que Deus está connosco. Não importa ser rico ou pobre; a beleza, o dinheiro e a saúde não duram sempre, mas Deus está na nossa vida: silencioso, mas sempre presente. Vivamos os mandamentos de Deus, façamos o bem que pudermos. Assim seremos felizes. E se o peso dos nossos pecados nos faz duvidar do amor de Deus, não esqueçamos: mesmo que não te perdoes, Ele perdoa-te, porque para Ele nada é impossível. A salvação não se ganha, mas acolhe-se.

Sugestão de Cânticos

Entrada: Deus vive na sua morada santa, F. Santos, NCT 217; Nós somos o povo do Senhor, J. Martins, NCT 222; Eu vi a cidade santa, F. Santos, NCT 311; Caminhamos para o Vosso altar (M. Luís) – CT 8; Apresentação dos Dons: Os ricos empobrecem (C. Silva) – CEC II 127; Eu sou o Senhor (F. Santos) – NCT 498; Comunhão: Lembrai-vos de nós, Senhor, M. Luís, NCT 146; Felizes os convidados, M. Luís, NCT 264; Buscai o alimento, M. Luís, NCT 393; Vai vender o que tens (C. Silva) – CEC II 128; Se cumprirdes os meus mandamentos (C. Silva) – CEC II 37; Final: Homens de coração sincero (M. Simões) – LHC 97; Exulta de alegria (M. Carneiro) – NCT 740. eno) – CEC II 141; Final: Na presença dos Anjos (M. Luís) – CT 195; Povos da Terra, louvai ao Senhor (M. Simões) – LHC 153.

Leitura Espiritual

Com os olhos fixos em Jesus, o divino pobre Contemplemos Nosso Senhor, que é o nosso modelo em todas as coisas, e a quem queremos seguir por amor. 

O que nos ensina a sua vida? Ele desposou, por assim dizer, a pobreza. Ele era Deus. E eis que este Deus encarna para nos conduzir a Ele. E que caminho escolhe? O caminho da pobreza. Quando o Verbo veio a este mundo, Ele, que era o Rei do Céu e da Terra, quis, na sua divina sabedoria, dispor os pormenores do seu nascimento, da sua vida e da sua morte de tal maneira que aquilo que neles mais transparece é a pobreza, o desprezo pelos bens deste mundo. Os mais pobres dos homens nascem, ao menos, debaixo de um teto; Ele, porém, viu a luz do dia num estábulo, sobre a palha, porque «não havia lugar para Ele na hospedaria» (LC 2,7). Em Nazaré, viveu a vida obscura de um artesão pobre (cf Mt 13,55). Mais tarde, na sua vida pública, não tinha onde reclinar a cabeça, embora as raposas tenham as suas tocas (cf Lc 9,58). E, à hora da morte, quis ser despojado das suas vestes e pregado nu à cruz. Deixou a túnica tecida por sua Mãe aos verdugos; os amigos abandonaram-no; dos apóstolos, só tem João perto de Si. Resta-Lhe sua Mãe – mas não, deu-a ao discípulo (cf Jo 19,27). É o despojamento absoluto. Mas Ele ainda encontra maneira de ultrapassar este grau extremo de despojamento. Ainda Lhe restam as alegrias celestes com que o Pai Lhe inunda a humanidade, e também a elas renuncia, pois eis que é abandonado pelo Pai (cf Mt 22,46): permanece só, suspenso entre o Céu e a Terra. Quando contemplamos Jesus pobre no presépio, em Nazaré, na cruz, estendendo-nos as mãos e dizendo: «Foi por ti», compreendemos as loucuras dos amantes da pobreza. Tenhamos, pois, os olhos postos no divino pobre de Belém, de Nazaré e do Gólgota. (Beato Columba Marmion, 1858-1923, abade, «A pobreza»)

Padre Jorge Seixas, autor dos textos liturgia@diocesedeviseu.pt
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