Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica de Viseu
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5º Domingo da Quaresma Ano C

PARA RECOMEÇAR, APONTA O DEDO AO TEU CORAÇÃO E VAI 

Chegámos ao quinto Domingo da Quaresma. Depois deste itinerário quaresmal, somos convidados a olhar os outros de outra maneira, com ternura, a ter um coração bondoso e a perdoar. Este é o objetivo para avançarmos numa vivência cristã; esta é a meta, para a qual devemos orientar a nossa vida. Trata-se de um objetivo importante. O caminho quaresmal ajudou-nos a lutar para o alcançarmos. Que nos ajude a viver e a celebrar a Páscoa. Perante as situações de incerteza que existem na vida das pessoas, há uma certa tendência para olhar para trás, para idealizar os tempos passados como os melhores, para ver mais o que está mal do que o que está bem. Como também há pessoas mais confiantes, encaram todas as situações com pensamentos positivos, vão à raiz das dificuldades com convicção, fixam objetivos, planificam etapas a percorrer, enfrentam novos desafios. E o que carateriza estas duas tendências? Numa, predominam horizontes curtos e fechados, medo das mudanças, procura de seguranças e certezas, preferência por confinamentos; noutra, predominam o sonho, a criatividade, o dinamismo, a esperança, a abertura. Não podemos classificar as pessoas de boas e más. Porque em todas há incoerências e limitações, mas também boa vontade e virtudes. A forma como olhamos as pessoas e as situações da vida revela o que predomina no nosso interior. Sobre isto, o que nos dizem as leituras bíblicas deste domingo? O profeta Isaías, em nome de Deus, convida o povo, que ainda estava no exílio, a olhar em frente, com coragem e esperança: “Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas. Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?” (Is 3,18). Numa situação de sofrimento, Isaías, como os outros profetas, levanta a voz para proclamar uma mensagem de esperança no futuro. E São Paulo fala-nos da sua experiência pessoal: “Só penso numa coisa: esquecendo o que fica para trás, lançar-me para a frente, continuar a correr para a meta” (Fl 3,13). Não fica agarrado às suas tradições que lhe davam segurança, pois vivia “legalmente”, cumprindo a Lei, mas abre-se para acolher a novidade da justiça e da salvação, oferecida por Deus, em Jesus Cristo. Esta “prenda” de Deus dava-lhe entusiamo para viver com esperança, apesar das contrariedades. Atualmente, vivemos tempos que clamam por confiança, coragem, verdade, justiça, liberdade e autenticidade. O texto evangélico de São João narra-nos o acontecimento da mulher apanhada em flagrante adultério. A acusação estava influenciada pela ideia de pecado, por um espírito mesquinho e pelo castigo. Diante de nós, temos o contraste entre a mentalidade religiosa ancorada no passado e a novidade de Jesus. Trata-se da novidade do perdão, em nome do amor e da misericórdia que libertam, perante a antiga condenação que se faz, em nome da lei. É a supremacia da misericórdia que abre novas oportunidades, sobre a dureza de alguns costumes e leis que castigam, destroem e fecham todas as portas da misericórdia. As palavras de Jesus desarmam os escribas e os fariseus, que são obrigados a retirarem-se: “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Uma frase que se eternizou, afirmando que todos somos culpados, ou corresponsáveis, dos pecados sociais. Será que podemos dividir o mundo entre justos e pecadores? As palavras de Jesus à mulher abrem-lhe as portas do acolhimento e da esperança. “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? Ela respondeu: Ninguém, Senhor. Disse então Jesus: Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”. É como se Jesus a convidasse a olhar para si mesma, com as suas próprias debilidades e pecados. Como é tão fácil apontar os outros com um dedo, em vez de apontar ao nosso coração! Há alguém sem pecados? Não necessitaremos todos da ternura e do perdão de Deus? Jesus ama com olhos compassivos e perdoa com uma ternura sublime; assim, inunda-nos de paz, de reconciliação e de vida. Mas, exige bom comportamento no futuro. Não tenhamos medo de começar uma nova vida! Só o amor, a ternura e o perdão podem iluminar a nossa vida. Com o perdão, desfazem-se mal-entendidos, caem rótulos, apagam-se críticas corrosivas e juízos precipitados. Aprendamos de Jesus a maneira de amar, perdoando e dando novas oportunidades.

Sugestão de Cânticos

Entrada: Deus, vinde em meu auxílio, F. Silva, NCT 87; Sede a rocha do meu refúgio (M. Simões) – CEC II 33; Aclam. ao Ev.: Não quero a morte do ímpio, F. Santos, NCT 105; Ofertório: Stabat Mater, NCT 123; Irmãos convertei (P. Lécot) – CT 312; Perdoai, Senhor (M. Luís) – CAC 160; Comunhão: Somos todos convidados, F. Silva, NCT 113; Eu vim para que tenham vida (F. Silva) – CEC II 131; O Senhor alimentou-nos (C. Silva) – OC 177; Final: Senhor cantarei eternamente (M. Luís) – SR 188; Jesus Cristo amou-nos (M. Luís) – CAC 203. PARA A VIA SACRA: Stabat Mater, NCT 123; A morrer crucificado, Pop., NCT 683; Bendita e louvada seja, NCT 684; Perdoa ao teu povo, NCT 686; Perdão, Senhor, perdão, M. Faria, NCT 687.

Leitura Espiritual

Abriu-se um oceano de misericórdia 

Ó meu Jesus, para Vos agradecer por tantas graças, ofereço-Vos alma e corpo, inteligência e vontade e todos os sentimentos do meu coração. Pelos votos, entreguei-me toda a Vós, já não tenho nada que Vos possa oferecer. Jesus disse-me: «Minha filha, não Me ofereceste o que é essencialmente teu». Aprofundei-me em mim e conheci que amo a Deus com todas as faculdades da minha alma, mas, não podendo saber o que era que não havia entregado ao Senhor, perguntei: «Jesus, dizei-me o que é, que logo com generosidade Vo-lo hei de confiar». Jesus, bondosamente, disse-me: «Filha, dá-Me a tua miséria, já que ela é tua exclusiva propriedade». Nesse momento, um raio de luz iluminou a minha alma e apercebi-me de todo o abismo da minha miséria; nesse mesmo instante, refugiei-me no Sacratíssimo Coração de Jesus com tanta confiança que, ainda que tivesse sobre a minha consciência os pecados de todos os condenados, não duvidaria da misericórdia divina e seria, afinal, com o coração reduzido a pó que me havia de lançar no abismo desta vossa misericórdia. Creio, ó Jesus, que não me afastaríeis de Vós, mas me haveríeis de absolver pela mão do vosso representante. Ao expirardes, ó Jesus, a fonte da vida brotou para as almas e abriu-se o oceano da misericórdia para todo o mundo. Ó fonte da vida, misericórdia insondável de Deus, abraçai o mundo inteiro e derramai-vos sobre nós! (Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa, Diário, Fátima, Marianos da Imaculada Conceição, 2003,1318-1319)

Autor dos textos Padre Jorge Seixas www.carloscunha.net
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