SEGUE AS PEGADAS DE CRISTO PARA ATRAVESSAR A PORTA ESTREITA
Em 2012, o Papa Bento XVI proclamou o Ano da Fé, que terminou em 2013, com uma carta, onde afirmava: “A Porta da Fé, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar (modelar) pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início no Batismo, pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna”. (nº 1). Jesus diz-nos que Ele é a Porta: porta pela qual temos acesso à vida como filhos de Deus. É a Porta que nos conduz ao encontro definitivo com o Pai. Mais que deixar-nos uma espécie de mapa com indicações dos diversos caminhos que conduzem à nossa Terra Prometida, Jesus traçou-nos o caminho com a sua própria vida. Deixou-nos as marcas dos seus passos para que O sigamos. Deus atravessa a porta do nosso mundo de uma forma tão humilde, tão pequena, tão frágil! É assim que deve ser a nossa vida, imitando Aquele que veio salvar-nos e levar-nos para o céu, rebaixando-se por amor para estar connosco. Para chegar ao céu, é necessário sermos “pequenos”. É isto que muitos santos nos ensinam. Nos finais do século XIX, Santa Teresinha do Menino Jesus interrogava-se sobre como podia chegar a um lugar tão inefável, sendo ela tão imperfeita e indigna, apesar de todos os seus esforços. E descobriu um caminho de acesso, um caminho direto. Para o explicar, utilizou o exemplo dos elevadores que, naquele tempo, começavam a aparecer nas casas das famílias ricas. Há um elevador direto para chegar a Deus: ser como uma criança que se abandona, confiada nos braços daqueles que lhe deram a vida e que tratam dela. Trata-se de confiar plenamente em Deus, de colocar nele as nossas seguranças. Quando se acolhe Jesus Cristo, que se fez pobre por nós, descobre-se que reconhecer a nossa debilidade não é um fracasso nem uma vergonha, mas que é a porta por onde entra a salvação de Deus. O segredo para entrar na porta estreita, como nos diz Santa Teresinha, é sermos pequenos e humildes de coração, como Jesus e como Maria. Aquilo que nos impede de atravessar, tantas vezes, esta porta do amor e da misericórdia de Deus é o orgulho, a soberba e o egoísmo. O Papa Francisco fala-nos da porta da misericórdia: “a grande porta da Misericórdia de Deus recebe o nosso arrependimento oferecendo a graça do seu perdão. A porta é generosamente aberta, e devemos ter um pouco de coragem para cruzar o limiar. Cada um de nós tem dentro de si situações que pesam. Todos somos pecadores! Cruzemos o limitar desta misericórdia de Deus, que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de nos esperar”! (Audiência de 18 de novembro de 2015). Jesus, com a sua cruz, com a força do seu amor entregue até ao fim, abriu a porta entre Deus e a humanidade. Agora, já está aberta! Todavia, Jesus, com a sua cruz, convida-nos a atravessar as portas do nosso mundo, da nossa sociedade e a não fecharmos as portas do nosso coração; talvez, andem um pouco fechadas! Não podemos entrar no lugar onde tudo é amor se antes não nos tivermos revestido desse amor. “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. Por isso, nos vai corrigindo. Ao logo da vida, façamos tudo para que, um dia, possamos atravessar a porta que acolhe todos os que se deixam abraçar pelo seu amor. |