O ESPÍRITO SANTO É A FONTE DA PALAVRA DE ESPERANÇA E DA VIVÊNCIA DO AMOR
Com a Solenidade de Pentecostes, terminamos o grande ciclo que começámos a celebrar no Domingo de Páscoa. A Páscoa, como se fosse um só dia, expressa, vive e celebra a alegria da Ressurreição de Jesus Cristo, o núcleo da nossa fé, o mais importante da nossa vida, a confissão da nossa esperança: aquele que morreu, Deus o ressuscitou e vive glorioso à sua direita, assim como vive glorioso na Igreja. A celebração do Tempo Pascal, que neste domingo encerramos, expressa a alegria de reconhecer Jesus, como Vencedor da morte, a missão dos apóstolos e da Igreja de comunicar a Boa Nova e a celebração dos sacramentos. A plenitude da Ressurreição de Jesus é a vinda do Espírito Santo, a presença ativa e eficaz da terceira pessoa da Santíssima Trindade: o Espírito atua no coração dos fiéis, enche-os da sua graça e dos seus dons, o Espírito faz maravilhas na Igreja; e, neste domingo, celebramos e alegramo-nos pela sua presença e pelos seus dons. A primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos, assim como o evangelho, falam-nos da vinda do Espírito Santo e da sua presença. Nos Atos dos Apóstolos, vemos que a sua vinda foi espetacular: “Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam”; “Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada”. Os Apóstolos, com Maria entre eles, recebem o Espírito da fortaleza que os tornará capazes de ir por todo o mundo a dar testemunho de Jesus Cristo. Também o texto do evangelho fala da vinda do Espírito Santo. É uma presença mais discreta: Jesus “soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. Mas esta vinda torna-os capazes de perdoar os pecados, de serem sinais e instrumentos de reconciliação no mundo, na sociedade e na Igreja. Neste domingo, a nossa alegria deve ser imensa, porque participamos do que Paulo diz na segunda leitura: “há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo”; “Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo”. Este é o princípio básico da Igreja e esta é a nossa fé: assiste-nos um só Espírito, somos conduzidos por um só Espírito que dá a cada um alguns dons para que os ponha ao serviço de todo o corpo, ao serviço dos outros. A Igreja é o corpo de Jesus Cristo, nós somos os seus membros e temos uma missão que deve ser levada até ao fim. Os ministérios são vários: o ministério de presbítero, de diácono, um dom do Espírito ao serviço da comunidade cristã; o dom da catequese, o dom da caridade, o dom do conselho, para que se exerça com prudência. Mas temos outros dons, outras graças que nos concede o Espírito Santo: o dom de ser pai e mãe, de ser filho; outro dom é o do trabalho, que se une à obra criadora de Deus e lhe dá seguimento; o dom do ensino nas escolas, o dom da dedicação à sociedade civil, como um serviço aos cidadãos, especialmente aos mais necessitados e esquecidos. Celebremos o dom que o Espírito Santo nos concedeu, a graça que Deus nos concedeu. Peçamos ao Senhor que envie dons à sua Igreja e os reforce, para que não seja somente uma “coleção” de dons para o seu serviço interno, mas que sejam dons e carismas para o nosso mundo, para a nossa sociedade. Hoje, mais do que nunca, a Igreja, pelos dons do Espírito Santo, tem muito que dizer e fazer neste mundo. Tendo em conta o pluralismo, que deve haver, procuremos dar ao mundo uma palavra de esperança e uma vivência de amor, não por nós, mas pelo Espírito que habita em nós e que nos faz clamar: “Abbá, Pai”. |