Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica de Viseu
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XXI Domingo  do Tempo Comum Ano C

SEGUE AS PEGADAS DE CRISTO PARA ATRAVESSAR A PORTA ESTREITA 

Em 2012, o Papa Bento XVI proclamou o Ano da Fé, que terminou em 2013, com uma carta, onde afirmava: “A Porta da Fé, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar (modelar) pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início no Batismo, pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna”. (nº 1). Jesus diz-nos que Ele é a Porta: porta pela qual temos acesso à vida como filhos de Deus. É a Porta que nos conduz ao encontro definitivo com o Pai. Mais que deixar-nos uma espécie de mapa com indicações dos diversos caminhos que conduzem à nossa Terra Prometida, Jesus traçou-nos o caminho com a sua própria vida. Deixou-nos as marcas dos seus passos para que O sigamos. Deus atravessa a porta do nosso mundo de uma forma tão humilde, tão pequena, tão frágil! É assim que deve ser a nossa vida, imitando Aquele que veio salvar-nos e levar-nos para o céu, rebaixando-se por amor para estar connosco. Para chegar ao céu, é necessário sermos “pequenos”. É isto que muitos santos nos ensinam. Nos finais do século XIX, Santa Teresinha do Menino Jesus interrogava-se sobre como podia chegar a um lugar tão inefável, sendo ela tão imperfeita e indigna, apesar de todos os seus esforços. E descobriu um caminho de acesso, um caminho direto. Para o explicar, utilizou o exemplo dos elevadores que, naquele tempo, começavam a aparecer nas casas das famílias ricas. Há um elevador direto para chegar a Deus: ser como uma criança que se abandona, confiada nos braços daqueles que lhe deram a vida e que tratam dela. Trata-se de confiar plenamente em Deus, de colocar nele as nossas seguranças. Quando se acolhe Jesus Cristo, que se fez pobre por nós, descobre-se que reconhecer a nossa debilidade não é um fracasso nem uma vergonha, mas que é a porta por onde entra a salvação de Deus. O segredo para entrar na porta estreita, como nos diz Santa Teresinha, é sermos pequenos e humildes de coração, como Jesus e como Maria. Aquilo que nos impede de atravessar, tantas vezes, esta porta do amor e da misericórdia de Deus é o orgulho, a soberba e o egoísmo. O Papa Francisco fala-nos da porta da misericórdia: “a grande porta da Misericórdia de Deus recebe o nosso arrependimento oferecendo a graça do seu perdão. A porta é generosamente aberta, e devemos ter um pouco de coragem para cruzar o limiar. Cada um de nós tem dentro de si situações que pesam. Todos somos pecadores! Cruzemos o limitar desta misericórdia de Deus, que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de nos esperar”! (Audiência de 18 de novembro de 2015). Jesus, com a sua cruz, com a força do seu amor entregue até ao fim, abriu a porta entre Deus e a humanidade. Agora, já está aberta! Todavia, Jesus, com a sua cruz, convida-nos a atravessar as portas do nosso mundo, da nossa sociedade e a não fecharmos as portas do nosso coração; talvez, andem um pouco fechadas! Não podemos entrar no lugar onde tudo é amor se antes não nos tivermos revestido desse amor. “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. Por isso, nos vai corrigindo. Ao logo da vida, façamos tudo para que, um dia, possamos atravessar a porta que acolhe todos os que se deixam abraçar pelo seu amor.

Sugestão de Cânticos
Entrada: Ide ao encontro do Senhor (M. Simões) – CT 20; Escutai-me Senhor (F. Silva) – CEC II 105; Apresentação dos Dons: Subam até Vós (M. Luís) – CT 87; Por Ele, com Ele e n’Ele (Az. Oliveira) – LHC II 621; Comunhão: Eu sou o Caminho (M. Luís) – CAC 269; Saboreai como é bom (A. Cartageno) – CEC II 173; Final: Senhor, cantarei eternamente (M. Luís) – NCT 330; Ao Deus do Universo (J. Martins) – NCT 280.
Leitura Espiritual
«Como é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida» 

Vê o que Deus disse a Moisés, que ordem lhe deu sobre o caminho a escolher. Pensavas talvez que o caminho que Deus mostra é um caminho fácil, sem troços difíceis nem penosos; pelo contrário, trata-se de uma subida, e bem tortuosa. Com efeito, o caminho por onde chegamos às virtudes não é um caminho a descer, mas a subir, e a subida é íngreme e árdua. Escuta o que o Senhor diz no Evangelho: «Como é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida». Como vês, o Evangelho está em harmonia com a Lei. Na verdade, até um cego percebe claramente que a Lei e o Evangelho foram escritos pelo mesmo Espírito. O caminho que percorremos é, pois, uma subida tortuosa; a fé e os atos comportam muitas dificuldades, muitas tribulações. Primeiro, são imensas as tentações e os obstáculos que se opõem a quem quer agir segundo a vontade de Deus. Depois, já na fé, encontramos muitas coisas tortuosas, muitos pontos de discussão, muitas objeções heréticas. Ao ver o caminho que Moisés e os israelitas tinham tomado, o faraó observou: «Andam perdidos na terra» (Ex 14,3); para ele, quem segue a Deus perde-se, porque, como dissemos, o caminho da sabedoria é tortuoso, com muitas curvas e desvios. De facto, confessar que há um só Deus, e afirmar simultaneamente que o Pai, o Filho e o Santo Espírito são um só Deus há de parecer aos infiéis tortuoso, difícil e inextricável; e acrescentar que «o Senhor da glória» foi crucificado (1Cor 2,8), e que é o Filho do homem, «que desceu do Céu» (Jo 3,13), há de parecer ainda mais tortuoso e difícil. Quem, sem fé, isto ouve, dirá: «Andam perdidos na terra». Tu, porém, sê firme, não ponhas em dúvida essa fé, sabendo que é Deus que te mostra esse caminho. (Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo, Homilias sobre o Êxodo, nº 5, 3; SC 321)

Chefe de redação: Cónego Jorge Seixas E-mail
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