JESUS OFERECE UM REINO NA TERRA QUE NO CÉU SE CONVERTE NO PARAÍSO
Neste domingo, celebramos a solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo, com a qual encerramos o ano litúrgico; no próximo domingo começaremos um novo ano com o Tempo do Advento que culminará com a celebração do Natal. Durante os últimos meses, acompanhámos Jesus a caminho de Jerusalém. Neste domingo, somos convidados a contemplar o crucificado que morre pela salvação do mundo. A solenidade de Jesus Cristo, Rei do universo, foi instituída pelo Papa Pio IX em 1925 para convidar os cristãos a testemunhar que só Jesus Cristo merece ser reconhecido como Rei que nos oferece o seu Reino. Certamente, a memória recente do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, levou o Papa a apresentar o rosto de um rei diferente. Infelizmente, hoje também temos a realidade dos “reis” que provocam guerras. Também no mundo de hoje podemos ansiar pela vinda do Reino que Cristo iniciou. A segunda leitura leva-nos a contemplar a plenitude que se encontra em Jesus Cristo, imagem do Deus invisível: uma plenitude que vai além do tempo e do espaço, que está na origem de toda a criação, que preside à Igreja, que abriu o caminho para a vida eterna, que leva a estabelecer a paz no mundo. O Apóstolo Paulo convida-nos a sentirmo-nos felizes por O ter conhecido e por fazer parte do seu Reino: “Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina”. Hoje podemos expressar esta gratidão por ter conhecido Jesus Cristo e por participar na plenitude que nos oferece. O Evangelho convida-nos a contemplar o crucificado. A viagem de Jesus a Jerusalém tem como meta a cruz. Para muitos, a cruz é motivo de desprezo e é a prova do abandono de Deus. Jesus, na cruz, tem a sua última tentação: “Se és o rei dos Judeus, salva-Te a Ti mesmo”, colocada por três vezes nos lábios daqueles que o escarnecem. Revelam a sua ignorância sobre o plano de salvação e redentor de Jesus, que já tinha sido anunciado a Maria pelo anjo Gabriel: “O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim”; que tinha sido proclamado pelo anjo aos pastores de Belém: “anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor”; que tinha sido conhecido pelos espíritos impuros que Jesus expulsou e que tinha sido confessado pelos discípulos na boca de Pedro. “O Messias de Deus”. E Jesus, renunciando à sua própria salvação, tornar-se-á salvador de toda a humanidade. O outro crucificado tem uma atitude diferente, tradicionalmente conhecido como o bom ladrão. Pede para fazer parte do Reino que Jesus nos oferece: “Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza”. Ele é o único que diz o nome de Jesus e encontra uma resposta. Jesus não responde aos que o escarneciam, o seu silêncio é a sua resposta. Mas, responde àquele que lhe pede compaixão, aquela que Jesus tinha oferecido a tantas pessoas, com a qual muitas vezes ofendeu aqueles que se consideravam justos. Jesus nunca permanece insensível a todos os que expressam a necessidade de serem perdoados, amados. Hoje, podemos identificar-nos com este crucificado consciente de precisar de salvação e que expressa toda a sua confiança no amor redentor de Jesus Cristo. A resposta de Jesus a quem pede compaixão é sempre a mesma: “Hoje estarás comigo no Paraíso”. Com o pecado original, Adão e Eva tinham sido expulsos do paraíso que Deus tinha criado para eles; Jesus, morrendo na cruz e ressuscitando, reabre os portões do paraíso, acompanhado por um pecador perdoado. Na verdade, só um crucificado poderia dizer a outro crucificado: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Jesus Cristo é rei, porque oferece um Reino presente na terra que se converte no paraíso no céu: um reino eterno e universal: o reino da verdade e da vida, o reino da santidade e da graça, o reino da justiça, do amor e da paz”. É esta certeza de nos sentirmos salvos que nos estimula a evangelizar nas condições difíceis de hoje, como nos diz o Papa Francisco na “Evangelii Gaudium”: “A primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-Lo cada vez mais. Com efeito, um amor que não sentisse a necessidade de falar da pessoa amada, de a apresentar, de a tornar conhecida, que amor seria? Se não sentimos o desejo intenso de comunicar Jesus, precisamos de nos deter em oração para Lhe pedir que volte a cativar-nos. Precisamos de o implorar cada dia, pedir a sua graça para que abra o nosso coração frio e sacuda a nossa vida tíbia e superficial” (nº 264). |