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XXXIII Domingo Comum Ano C | 16-novembro

A VIDA ETERNA EXIGE A VIVÊNCIA DA POBREZA DE JESUS 

No Evangelho ouvimos um fragmento do discurso escatológico que Jesus proferiu junto às portas do templo de Jerusalém. A palavra “escatológico” convida-nos a olhar para o fim dos tempos. Depois disto, Jesus iniciará o seu caminho rumo à paixão. O evangelho diz-nos que alguns dos presentes comentavam as maravilhas e o esplendor do segundo templo que ainda estava a ser construído; a grandeza do templo de Jerusalém, que era o lugar da presença e do encontro dos fiéis com Deus. E Jesus profere uma frase surpreendente: “Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído”. Desta forma, Jesus faz referência à decadência de toda a grandeza aparente, mesmo que seja a causa do orgulho de um povo. Os profetas, como Malaquias, já o tinham mencionado: “Há-de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há-de vir os abrasará”; perante a santidade de Deus, todo o mal e toda a injustiça são aniquilados. Além disso, há uma série de factos que nos recordam a fragilidade da condição humana, como são as guerras, a fome, as pandemias e todos os tipos de cataclismos. Pensemos nas alterações climáticas, que nos lembram não só a nossa fragilidade enquanto espécie, como também a nossa responsabilidade ecológica, a que o Papa Francisco dedicou a encíclica “Laudato si”. Temos de estar conscientes de que o futuro das próximas gerações depende de nós! O templo de Jerusalém, que na altura em que São Lucas escreveu o seu evangelho já tinha sido destruído pelos romanos, foi substituído por um novo templo incorruptível, que é o corpo do Jesus ressuscitado. A partir de agora, este será o lugar da presença e do encontro com Deus. Assim, todas as promessas ditas pelos profetas realizam-se, tendo como fundamento a confiança no Deus da Aliança, que é o salvador: “Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação. É lógico que alguns dos primeiros cristãos pensassem que o fim dos tempos e a gloriosa vinda de Cristo não demorariam muito a chegar. São Paulo tentou esclarecer este mal-entendido que levou alguns membros da comunidade de Tessalónica a não trabalhar e a ter uma atitude de esperança passiva. Além disso, os primeiros cristãos já tinham sofrido conflitos e perseguições, a sua atividade missionária já tinha provocado a rejeição e a oposição daqueles que os viam como uma ameaça. É tão doloroso quando a traição procede da família e dos amigos! Como encarar esta situação com paz e serenidade? Jesus, no evangelho, propõe algumas atitudes: o discernimento perante os falsos profetas e salvadores, “Tende cuidado; não vos deixeis enganar”; ver as perseguições como uma ocasião para dar testemunho; confiar na ajuda de Cristo nestas situações: “Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer”. Finalmente, Jesus convida-nos a confiar na promessa de alcançar a vida eterna: “nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas”. Hoje, também devemos saber dar testemunho de Cristo na nossa sociedade e no mundo. E como dar testemunho, na perseverança, para alcançar a vida eterna? Como Jesus, sermos próximos, disponíveis e pobres para os outros. Há que refletir sobre o modo de dar uma resposta adequada que traga alívio e paz a tantas pessoas, deixadas à mercê da incerteza e da instabilidade. Temos de crescer no sentido de comunidade e de comunhão, como um modo de vida. Temos de ir mais além do comportamento assistencialista para com os pobres. A miséria é a pobreza que mata, é a filha da injustiça, da exploração, da violência e da redistribuição injusta dos recursos. Em contrapartida, temos uma pobreza que enriquece; é a que nos é oferecida por Jesus que nos liberta e nos faz felizes. Este é o paradoxo da vida da fé: a pobreza de Cristo torna-nos ricos. A riqueza de Jesus é o seu amor, que não se fecha a ninguém e vai ao encontro de todos, especialmente dos que são marginalizados e privados do que é necessário. Faremos parte dos “novos céus e da nova terra”, ou seja, da vida eterna, se a pobreza de Jesus Cristo for a nossa fiel companheira na vida.

Sugestão de Cânticos
Entrada: Deus fala de paz, F. Santos, NCT 216; Da paz dos nossos lares, D. Julien, NCT 215; Escutai, Senhor, a prece (A. Cartageno) – CEC II 113; Apresentação dos Dons: Eu estou sempre convosco (C. Silva) – CEC I 170; Em redor do teu altar (M. Carneiro) – IC 370; Comunhão: Eu estou à porta, F. Silva, NCT 260; Quem come deste pão, M. Luís, NCT 271; Tudo o que pedirdes (C. Silva) – CEC II 52; Final: Na presença dos Anjos (M. Luís) – CT 195; Reinos da terra cantai a Deus (A. Cartageno) – IC 327.
Leitura Espiritual
«Tereis ocasião de dar testemunho» 

Dou sem cessar graças ao meu Deus, que me guardou fiel no dia da minha tentação, de modo que hoje possa oferecer confiadamente a minha alma em oblação como «sacrifício vivo» (Rom 12,1) a Cristo meu Senhor, que me protegeu de todas as angústias. Por isso digo: quem sou eu, Senhor? Donde me vem esta sabedoria (cf. Mt 13,54), que não era minha, eu que nem o número dos meus dias conhecia e que ignorava a Deus? De onde me veio depois o tão grande e salutar dom de conhecer a Deus e de O amar, a ponto de deixar pátria e família, e de vir para junto dos pagãos da Irlanda pregar o Evangelho, para sofrer insultos por parte dos incrédulos, suportar muitas perseguições, «e até prisões» (2Tim 2,9), de forma a dar a minha liberdade pelo bem de outros? Se for digno disso, estou pronto para dar a minha própria vida sem hesitação; escolho consagrar a minha vida até à morte, se o Senhor mo permitir. Porque sou grandemente devedor de Deus, que me atribuiu esta grande graça de fazer, por meu intermédio, renascer em Deus numerosos povos, conduzindo-os depois à plenitude da fé. Permitiu-me também ordenar por toda parte ministros para este povo recentemente chegado à fé, este povo que o Senhor adquiriu nos confins da Terra, como tinha sido prometido pelos seus profetas (cf. Lc 1,70): «a ti virão os povos dos confins da Terra» (Is 49,6) e «estabeleci-te como luz das nações, para levares a salvação até aos confins da Terra» (At 13,47). (São Patrício (c. 385-c. 461), monge missionário, bispo, Confissão, 34-38; SC 249)

Redação: Pe. Jorge Seixas liturgia@diocesedeviseu.pt
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