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IV Domingo do Advento | Ano A | 21 dezembro

SÃO JOSÉ: FAZER O QUE DEUS QUER E QUERER O QUE DEUS FAZ

Prestes a celebrarmos o nascimento de Jesus, neste domingo o texto do Evangelho salienta a figura de São José. Mostra-nos o seu advento pessoal, que foi bastante conturbado. Quando espera com alegria o dia da entrada de Maria em sua casa, depara-se com a surpresa do estado de Maria. A sua esposa não chega sozinha, mas com uma criança no ventre. Assim, toda a ilusão de José é transformada em confusão. O seu sonho cai por terra. José não entende nada. O que aconteceu? Duas coisas são muito claras para ele: que a criança não é dele e que o olhar de Maria está limpo. Que sofrimento! Porque as provas chocam com a inocência de Maria. Mas Maria está em silêncio, e não é um silêncio de culpa. O evangelista salienta que José era um homem justo. Na Bíblia, os justos são aqueles que cumprem a vontade de Deus que se expressa na Lei de Moisés, que no caso em questão determina o apedrejamento das mulheres adúlteras. Que situação dramática! Para José o coração diz: “Maria, Maria, Maria”. Mas acima de tudo, José amava a vontade de Deus. Por conseguinte, não fica por uma primeira impressão, mas trata de tomar uma resolução, como diz o texto. Ele sente que há um mistério por detrás desta situação enigmática, talvez seja a mão de Deus. José vê Maria e a criança por nascer como um mistério no qual não se sente convidado a participar. E, portanto, “resolveu repudiá-la em segredo”. Esta é a decisão que lhe parece mais justa: afastar-se. Trata-se de uma justiça que vai para além da letra dos preceitos. Ele decide libertar Maria do compromisso matrimonial e desaparecer da sua vida, com toda a dor do seu coração, porque significa renunciar à pessoa que ama. De José aprendemos a não tomar decisões com a “cabeça quente” ou com as “emoções descontroladas”. A tentação é pensar que as nossas perturbações nos fazem ver tudo mais nitidamente do que a vontade de Deus, que às vezes pode manifestar-se um pouco obscura, incompreensível. O discernimento de José ensina-nos que a vontade de Deus é sempre boa para mim e para aqueles que me rodeiam. Quão diferente seria o ambiente familiar se nas nossas decisões soubéssemos discernir a vontade de Deus entre os nossos sentimentos! Tanto no momento do casamento, como em ser fiel ao cônjuge, abrindo a vida para ter filhos, conciliando a vida familiar e profissional, educando os filhos ou dedicando-se aos idosos, etc. E finalmente, depois deste sofrimento, a luz chega a José através de um sonho pelo qual recebe a confirmação da sua intuição. O mistério é real: a virgem terá um filho e chamar-lhe-ão Emmanuel, como foi anunciado há séculos no livro de Isaías, que ouvimos na primeira leitura. Com o anúncio do anjo, José recebe a sua vocação pela qual aceita uma missão que não entrou nos seus planos iniciais e permite complicar a sua vida por Deus. Ele estava a seguir um bom projeto de vida, como casar, ter filhos, uma profissão, mas Deus tinha outra guardada para ele, uma missão maior. Nada menos do que proporcionar que a casa de David chegasse ao seu esplendor com a vinda do Messias. Recordemos como o anjo se dirige a ele:” José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa”. Da mesma forma, tanto a primeira como a segunda leituras referem-se à casa de David, o rei, um título dado a Jesus Cristo e à sua realeza. Assim, um carpinteiro de Nazaré, marido e pai de uma família, torna-se protetor dos tesouros de Deus na terra, de Jesus e de Maria. Sim, Deus complicou-lhe a vida, mas tornou-a mais sublime, como nunca José tinha planeado. Portanto, quando dizemos que Deus complica as nossas vidas, queremos dizer que ele nos desafia para além das nossas capacidades, para uma missão mais importante que nos fará bem não só a nós mesmos, mas que terá um impacto positivo à nossa volta. Não queiramos um deus domesticado ao serviço do nosso conforto. Devemos estar abertos à surpresa de Deus. Um Deus Pai, que nos surpreende com a sua providência amorosa. Deixemos complicar a nossa vida por ele. Assim, a nossa vida será grande como a de José, para o bem dos nossos irmãos e para a glória de Deus.

Sugestão de Cânticos
Entrada: Derramai, ó céus, F. Santos, NCT 23; Ó Sol nascente, F. Santos, BML 23, 14; Abra-se a terra (M. Luís) – NCT 38; Sabei que o nosso Deus (M. Simões) – CEC I 38; Ofertório: Excelso Criador, F. Santos, NCT 452; Alma Redemptoris Mater, NCT 58; Ó Ceus, do alto rociai (Popular) – CEC I 24; Vinde, Senhor, e não tardeis (F. Borda) – NCT 41; Comunhão: A Virgem conceberá, F. Santos, NCT 42; Todos vós que tendes sede, J. Santos, NCT 48; Eis que uma Virgem conceberá (B. Sousa) – CEC I 26; Vinde, vinde, ó desejado (M. Luís) – CEC I 35; Fim: Maria, fonte da esperança, M. Luís, NCT 53; Feliz és Tu (C. Silva) – CEC I 28; Como Maria, diz sim a Deus (C. Silva) – OC 64.
Leitura Espiritual

«Será chamado Emanuel» 

«Emanuel, que que quer dizer Deus connosco». Sim, Deus connosco! Até aqui era Deus acima de nós, Deus diante de nós, mas hoje Ele é «Emanuel». Hoje, Ele é Deus connosco na nossa natureza e connosco na sua graça; connosco na nossa fraqueza e connosco na sua bondade; connosco na nossa miséria e connosco na sua misericórdia; connosco por amor, connosco por laços de família, connosco por ternura, connosco por compaixão. Deus connosco! Vós, filhos de Adão, não pudestes subir ao Céu para encontrar Deus (cf. Dt 30,12), mas Ele desceu do Céu para ser Emanuel, Deus connosco; veio para nossa casa para ser Emanuel, Deus connosco, e nós esquecemo-nos de ir ter com Deus para estar com Ele. «Até quando, ó homens, sereis duros de coração? Porque amais a vaidade e procurais a mentira?» (Sl 4,3). Eis que chegou a Palavra viva e verdadeira: «Porque amais a vaidade?». Eis que chegou a Verdade: «Porque procurais a mentira?». Eis que chegou Deus connosco. E como poderia Ele estar ainda mais comigo? Pequeno como eu, fraco, nu e pobre como eu, em tudo como eu, tomando do que é meu e dando-me do que é seu, a mim que jazia como morto, sem voz e sem sentidos, sem sequer a luz dos meus olhos. E eis que hoje desceu do Céu este Homem tão grande, este «profeta poderoso em palavras e em obras» (Lc 24,19), que colocou o seu rosto sobre o meu, a sua boca sobre a minha, as suas mãos nas minhas mãos (cf 2Rs 4,34) e Se fez Emanuel, Deus connosco! (Santo Aelredo de Rievaulx (1110-1167), monge cisterciense, Sermão 9, para a Anunciação do Senhor)

Redação: Pe. Jorge Seixas liturgia@diocesedeviseu.pt
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