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II Domingo do Advento | Ano A | 07 dezembro

DEUS É O FUNDAMENTO DA NOSSA ESPERANÇA 

Um homem, que atravessou o Atlântico sozinho num veleiro sem qualquer comunicação ou ajuda, relata a sua experiência num livro. Afirma o seguinte: “sem comida podes viver um mês; sem água, uma semana, mas sem esperança não sobrevives nem uma hora”. Se não tens esperança, se achas que já não há nada a fazer, provavelmente vais te afundar. No caminho da vida, também só andaremos para a frente, se tivermos esperança. Sem uma esperança que dê sentido à vida, afundamo-nos. São Paulo diz-nos que as Escrituras nos ajudam a manter a esperança: “Tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela paciência e consolação que vêm das Escrituras, tenhamos esperança”. Esta esperança é o Reino dos Céus que João Batista anuncia no evangelho deste domingo. O Papa Bento XVI escreveu uma encíclica sobre a esperança cristã, chamada “Spe Salvi”, onde nos recorda que tínhamos colocado a nossa esperança no progresso; pensávamos que a ciência nos conduziria para um mundo melhor, mas o século passado está cheio de horrores, com genocídios, guerras, totalitarismos que oprimiram o homem como nunca... Ficou claro que o desenvolvimento não nos tornou mais humanos. Perante tudo isto, esta encíclica afirma que só Deus é o fundamento da esperança. A esperança cristã não se apoia em nenhuma instituição humana, em nenhum líder político, em nenhuma descoberta científica, nem no aumento e descida das taxas de juro, nem na ONU... Os esforços humanos são importantes, aplaudimo-los quando obtêm resultados positivos e, nesse sentido, são sinais de esperança, mas os cristãos têm uma esperança maior e definitiva. A esperança cristã é algo mais profundo que não depende do decurso dos acontecimentos. Um cristão pode ter tudo contra ele e, apesar disso, manter a esperança, porque a esperança vem de Deus e não do mundo. No dia do nosso batismo, Deus derrama em nós esta virtude como um dom – juntamente com a fé e a caridade – para que possamos caminhar, apesar do desânimo que as nossas próprias limitações e pecados podem produzir, ou o mal que existe no mundo. E, tal como as outras duas, é uma virtude sobrenatural, porque está acima das nossas capacidades naturais. A esperança cristã não vem de nós mesmos, como se dependesse do caráter de cada um. Não se trata de ser uma pessoa mais ou menos otimista. Pela esperança, colocamos a nossa confiança nas palavras de Jesus, na promessa do céu. E a partir desta visão positiva sentimo-nos com vontade de construir a nossa vida cristã e de melhorar tudo o que nos rodeia. Como diz a encíclica, é verdade que aqueles que não conhecem Deus, mesmo que tenham múltiplas esperanças, no fundo estão sem esperança, sem a grande esperança que sustenta toda a vida. A verdadeira e a grande esperança do homem que resiste, apesar de todas as desilusões, só pode ser Deus, o Deus que nos amou e que continua a amar-nos até ao fim. Fomos criados para sermos felizes para sempre e esta felicidade definitiva encontra-se em Deus que nos espera no céu. O profeta Isaías, na primeira leitura, descreve esta felicidade com a harmonia que é vivida no monte santo, “Não mais praticarão o mal nem a destruição… o conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas enchem o leito do mar”. Ou seja, a esperança cristã faz-nos olhar para a meta, que é o céu, e olhar para a frente com confiança. Podemos dizer que a fé nos faz acreditar de que o céu existe, que a felicidade existe. A virtude da esperança faz-nos acreditar que o céu é para nós, em concreto. João Batista diz-nos: “Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus”. A conversão supõe colocar Deus como fundamento da nossa esperança, em oposição à tendência de colocarmos a esperança nas coisas terrenas. Reorientemos a nossa vida de tal forma que caminhemos decididamente para o Céu, sabendo que se conseguirmos certos sucessos materiais, mas perdermos de vista o nosso destino final, teremos falhado.

Sugestão de Cânticos
Entrada: Povo de Sião, F. Santos NCT 26; O Senhor vem e não tardará, F. Santos, NCT 24; Sobre ti, Jerusalém, M. Luís, NCT 27; Maranatha, Aleluia (F. Santos) – CEC I 32; O Senhor virá (Az. Oliveira) – CEC I 37; Apresentação dos Dons: Abri de par em par (C. Silva) – OC; Preparai os caminhos do Senhor (F. Santos) CEC I 31; Aclam. ao Ev.: Preparai o caminho, F. Santos, NCT 35; Ofertório: Alma Redemptoris, NCT. 58; Comunhão: Levanta-te Jerusalém, F. Silva, NCT 43; O Senhor nosso Deus virá, F. Santos, NCT. 45; Senhor, descei a nós (M. Luís) – CEC I 34; Levanta-te Jerusalém (F. Santos) – CEC I 17; Final: Vinde, vinde, M. Luís, NCT 51; Abri as portas (C. Silva) – OC 24; Maria, fonte de esperança (M. Luís) – NCT 53.
Leitura Espiritual

«Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas» 

É evidente para qualquer leitor que João não se limitou a pregar, mas também conferiu um batismo de penitência. Não pôde, no entanto, conferir um batismo que remisse os pecados, pois a remissão dos pecados só nos é dada no batismo em Cristo. Por isso, o evangelista diz que ele «pregava um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados» (Lc 3,3); não podendo conferir um batismo que perdoasse os pecados, anunciava esse, que ainda estava por vir. Tal como as suas palavras de pregação eram precursoras da Palavra do Pai feita carne, assim o seu batismo precedia o do Senhor, como sombra da verdade (cf. Col 2,17). Este mesmo João, interrogado sobre quem era, respondeu: «Eu sou a voz daquele que brada no deserto» (Jo 1,23; cf. Is 40,3). O profeta Isaías chamara-lhe «voz», pois ele precedia a Palavra. E o que bradava ele? «Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas». O que faz aquele que prega a fé verdadeira e as boas obras? Prepara a estrada nos corações dos ouvintes para o Senhor que vem. Possa a graça omnipotente penetrar nestes corações, iluminando-os com a luz da verdade. Acrescenta São Lucas: «Os vales serão levantados, as montanhas e colinas abatidas». Que designam aqui os vales, senão os humildes, e os montes e as colinas, senão os orgulhosos? Com a vinda do Redentor, segundo a sua própria palavra, «quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado» (Lc 14,11). Pela fé no mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo feito homem (1Tim 2,5), os que nele creem receberam a plenitude da graça, enquanto os que se recusam a crer foram humilhados no seu orgulho. Todos os vales serão levantados porque os corações humildes, ao acolherem a palavra da santa doutrina, serão cumulados pela graça das virtudes, segundo o que está escrito: «Das fontes fez jorrar rios, que serpenteiam nos vales» (Sl 104,10). (São Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja, Homilias sobre o Evangelho, nº 20)

Redação: Pe. Jorge Seixas liturgia@diocesedeviseu.pt
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