Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica de Viseu
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25º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B

AS CRIANÇAS – A REALIDADE DOS PREDILETOS DE JESUS 

Todos os pais e os professores sabem que os filhos e os alunos só fixarão uma mensagem importante se for repetida várias vezes. Até os técnicos informáticos e de publicidade sabem disto: pequenos vídeos com pequenas mensagens, repetidos assiduamente, são os mais eficazes. Também Jesus deveria saber esta tática, porque, neste domingo, repete a mensagem que ouvimos no domingo passado: “O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-lo; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará”. Os discípulos não percebem estas palavras e não se atrevem a perguntar o seu significado; é sinal de que não estão em sintonia com Jesus, nem, ainda, são capazes de captar o que estão a ouvir, sem compreender. Contudo, Jesus dá conta do embaraço existente, e é o primeiro a “quebrar o gelo”: “Que discutíeis no caminho”? “Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior”. Para Jesus, este silêncio terá sido muito dececionante. Eles ainda se orientavam segundo os princípios mundanos e discutiam sobre qual deles era o maior. Passaram dois mil anos e não mudou muito a situação! A sério? Este continua a ser, hoje, o motivo de muitas disputas entre irmãos, colegas de trabalho, militantes de partidos…Também dentro da Igreja temos os grandes pecados do clericalismo e do carreirismo, que não acontece somente nas “cúpulas” da hierarquia da Igreja, mas também entre os voluntários numa paróquia, num centro social ou numa associação recreativa, desportiva e cultural. Jesus, como bom técnico de comunicação, pronuncia uma mensagem breve e categórica, que merece ser repetida muitas vezes: “Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos”. Está tudo dito! Os bispos, os presbíteros são configurados a Cristo Cabeça e Pastor. Os diáconos configuram-se a Cristo Servidor, sendo fundamental este aspeto ser vivido, também, pelos bispos e presbíteros, os que encarnam Jesus que tira o manto, cinge a toalha, ajoelha-se e lava os pés dos seus discípulos. Porém, a dimensão de Cristo Servidor deve ser vivida por todos os cristãos. A dimensão do serviço caracteriza os cristãos, de acordo com a vontade de Jesus. Não se governa o Povo de Deus com um domínio escravizante, mas como Jesus, o servo de todos. Não deve ser objetivo de os cristãos dominar a sociedade e estabelecer uma supremacia da Igreja, mas curar-lhe as feridas e anunciar a Boa Nova da Salvação a um mundo que necessita da luz do Evangelho. “Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos”. A esta frase, Jesus acrescenta-lhe uma imagem: “E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe”. Não era fácil ser criança no tempo de Jesus. As crianças não contavam para nada até que, aos doze ou treze anos, eram admitidos no grupo dos adultos. Nem hoje é fácil ser criança! Tantas crescem em situações de pobreza, de instabilidade familiar, sendo abusadas e maltratadas; tantas sofrem com os conflitos entre o pai e a mãe; outras são exibidas como um tesouro, mas sem atenção e amor dos pais, atarefados com os seus negócios e objetivos profissionais: nada lhes falta no aspeto material, mas falta-lhes a presença afetuosa e educativa dos pais. A criança é a imagem viva da humildade que os discípulos de Jesus têm de viver. São a realidade e o símbolo dos fracos e dos indefesos, dos pobres e dos doentes, dos que sofrem e dos que não têm nada. Esta tem de continuar a ser a preocupação preferencial da comunidade cristã. As crianças trazem-nos uma presença de Cristo que temos de saber acolher e dar-lhe primazia. Nas crianças, encontramos o rosto sofredor de Jesus e o rosto do Pai: “Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou”. Esta é a chave da filiação de Jesus, do verdadeiro sentido da sua entrega ao Pai e da essência do Cristianismo para as gerações futuras.

 

Sugestão de Cânticos

 Entrada: Vós sois o meu Deus, F. Santos, NCT 230; Servi o Senhor com alegria, Borges de Sousa, N.C.T. 228; O Senhor é minha luz e salvação, F. Santos, NCT 224; Da paz dos nossos lares, D. Julien, NCT 215; Eu sou a salvação do meu povo (F. Santos) – CEC II 117; Eu darei ao meu povo a salvação (A. Cartageno) – CEC II 119; Aclam. ao Ev.: Deus chamou-nos, adapt. de NCT 239; Apresentação dos Dons: Bem-aventurados os que fazem a paz (A. Cartageno) – CEC II 108; Dai-me, Senhor, um coração puro (C. Silva) – OC 86; Comunhão: O Senhor é meu pastor, F. Santos, NCT 268; Tornai-vos como crianças (A. Cartageno) – XXVII ENPL, 17; Deus é bom pastor (M. Luís) – CEC II 120; Final: Quem quiser ser grande (M. Luís) – NCT 555; Quero bendizer-Vos (A. Cartageno) – IC 776. 

Leitura Espiritual

«Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe» 

Nós, cristãos, somos o corpo de Cristo e seus membros, como diz o apóstolo Paulo (cf 1Cor 12,27). Aquando da ressurreição de Cristo, todos os seus membros ressuscitaram com Ele: passando pelos infernos, Ele fez-nos passar da morte para a vida. O termo «páscoa» em hebraico significa passagem ou partida. Ora, este mistério é o da passagem do mal ao bem. E que passagem! Do pecado à justiça, do vício à virtude, da velhice à infância. Refiro-me à infância que está ligada à simplicidade e não à idade. Pois também as virtudes têm a sua idade própria. Ontem, a senilidade do pecado conduzia-nos ao declínio. Mas a ressurreição de Cristo faz-nos renascer para a inocência das crianças: a simplicidade cristã torna sua a infância. A criança não sente rancor, não conhece a fraude, não ousa agredir. Assim, pois, a criança que é o cristão não se exalta se for insultada, não se defende se for despojada, não devolve os golpes se lhe baterem. O Senhor exige mesmo que ela reze pelos seus inimigos, que entregue a túnica e a capa aos ladrões, e que ofereça a outra face aos que a esbofeteiam (cf Mt 5,39ss). A infância de Cristo ultrapassa a infância dos homens. Esta deve a sua inocência à fraqueza, aquela à virtude. E ainda é digna de mais elogios: o seu ódio ao mal não emana da impotência, mas da vontade. (São Máximo de Turim, ?-c. 420, bispo, Sermão 58; PL 57, 363) 

Padre Jorge Seixas, autor dos textos liturgia@diocesedeviseu.pt
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